Escrito por: Ascom CUT-PB

Racismo estrutural atinge população negra no Brasil e EUA, afirma secretário da CUT

Para Clodoaldo Gomes, secretário de igualdade racial, revolta americana deve servir de exemplo para o Brasil

Pedro Borges/almapreta.com
Ainda em junho desse ano, milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra o racismo

Novos protestos antirracismo explodiram nos Estados Unidos, após Jacob Blake, um homem negro, ser atingido por sete tiros pelas costas, por um policial branco. Blake estava aparentemente desarmado e não ofereceu resistência aos policiais. Ele está no hospital, em estado grave, e deve perder o movimento dos membros inferiores. Desde então, a cidade de Kenosha, no estado do Wisconsin, virou palco da luta negra por igualdade e justiça.

De acordo com Clodoaldo Gomes, secretário de igualdade racial da Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB), o mais novo caso americano demonstra que o racismo é algo estrutural. “Por mais que tenham acontecido as manifestações e haja a reprovação da população americana e mundial sobre os recentes casos, está na formação da própria polícia ver os negros como vidas descartáveis”, afirmou. Por outro lado, ele destaca que “os protestos demonstram a indignação do povo, que não aceita mais esse tipo de comportamento pelas forças policiais”.

Aqui no Brasil, assim como nos Estados Unidos, o racismo mata. De acordo com dados recentes, divulgados pelo Atlas da Violência, em 10 anos, o número de homicídios de pessoas negras (pretas e pardas) cresceu 11,5%. Essa parte da população representa 75% das vítimas de homicídio no Brasil em 2018, ano usado como base no estudo divulgado na última semana. A taxa de homicídio entre a população não negra é 13,9 a cada 100 mil habitantes. Na população negra, o número sobe para 37,8 casos para cada 100 mil brasileiros.

Para Clodoaldo, diante desses números, a revolta que acontece nos Estados Unidos deve servir como exemplo para nós aqui no Brasil. “Os números da violência policial vêm aumentando. Com um governo que temos, apoiado pelas elites, que menospreza a questão do racismo e, ao mesmo tempo, incentiva o arbítrio policial, devemos usar o exemplo e ampliar a luta antirracista no nosso país”, disse. De acordo com Clodoaldo, é preciso ter consciência da nossa identidade negra, para continuar esta luta que deve ser diária no Brasil.