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Setembro Amarelo: a luta também é contra retirada de direitos e pressão por metas

CUT realiza ações no mês de conscientização contra o suicídio alertando que é preciso proteger trabalhadores vitimados por assédio, retirada de direitos e pressionados para alcançar metas impossíveis

Publicado: 05 Setembro, 2020 - 10h53 | Última modificação: 09 Setembro, 2020 - 19h58

Escrito por: Ascom CUT-PB

CUT-PB/Divulgação
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Mês de setembro marca dia mundial de conscientização do suicídio

Quinta-feira, dia 10, é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, campanha que envolve várias entidades da sociedade civil, teve início no Brasil em 2015 e visa conscientizar as pessoas sobre como evitar essa tragédia familiar. O mês inteiro é marcado pela campanha de conscientização “Setembro Amarelo”.

O evento, organizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), faz parte da agenda de ações da CUT Nacional, ramos e Estaduais da Central que também atuam para garantir a saúde do trabalhador e a trabalhadora, sensibilizando a todos quanto a promoção da saúde mental.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do planeta. No total, são cerca de 800 mil mortes por ano. Cerca de 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais como depressão,  transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Orientar e incentivar a discussão dos temas nas Estaduais e ramos da CUT é fundamental até mesmo porque não temos estudos suficientes ligando os casos de suicídios a ocupações específicas, diz a a Secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida da Silva. "Precisamos que o tema seja abordado constantemente e não apenas no mês de setembro para que possamos determinar medidas de apoio para cada área de trabalho".

“Embora entre os bancários e as bancárias, entre os trabalhadores e trabalhadoras da saúde e de telemarketing a gente saiba que tem mais casos de sofrimento mental e problemas relacionados ao suicídio, precisamos estar atentos aos trabalhadores de todas as atividades e ramos da economia”, diz a secretária.

De acordo com a secretária, com a retirada de direitos, o agravamento da precarização do trabalho, o desemprego, a falta de políticas sociais de inclusão e destruição de renda, aumento da violência, os problemas relacionados à ansiedade, tristeza, depressão aumentam e o suicídio é um desfecho muito triste de tudo isso”.

O presidente da CUT-PB, Tião Santos ressalta a importância da campanha “Setembro Amarelo” e das ações que a entidade realiza como parte fundamental da luta contra o processo de exploração da mão de obra, a pressão psicológica por metas e produção que contribuem para o adoecimento de milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

“É através desta campanha que podemos denunciar o assédio moral que os trabalhadores e trabalhadoras sofrem em seus ambientes de trabalho”, afirma o dirigente.

Segundo Tião Santos, é por meio dos sindicatos vinculados que a Central conhece os diversos “adoecimentos psicológicos” adquiridos no local de trabalho. “Este mês tem grande relevância para nós que defendemos o bem estar social para a classe trabalhadora, provocando uma reflexão conjuntural do que a ganância pelo lucro pode trazer de mal para quem tem sua mão de obra explorada pelo capital financeiro”, afirma.

Relação de trabalho

Segundo dados divulgados em 2016 pela OMS, cerca de 80% dos óbitos provocados por suicídio registrados são identificados em nações de renda média ou baixa, a maioria dos casos acontece em zonas rurais e agrícolas.

Para o secretário de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT-PB, Rômulo Xavier, na Paraíba as categorias mais afetados são aquelas que trabalham no campo, além de telemarketing, bancários e comerciários, que vivem em uma pressão para conseguir atingir metas.

“A pressão é muito grande e pode contribuir para o desequilíbrio emocional do trabalhador ou trabalhadora e desencadear um processo de sofrimento chegando a uma decisão mais drástica, o suicídio”, afirma.

O trabalho é necessário e um direito de todos, mas on atual cenário político-social não tem sido garantido condições dignas para que homens e mulheres desenvolvam suas atividades com valorização, respeito e dignidade, complementa a secretária nacional de Saúde da CUT.

Para Madalena, a precarização das relações de trabalho devem ser pautas urgentes nos sindicatos, já que estão intimamente ligadas com questões relacionadas à saúde dos profissionais.

“É comum queixas relacionadas à pressão dos empregadores para atingir metas, produzir cada vez mais sem as garantias da saúde e segurança do trabalhador ou trabalhadora nos locais de trabalho, não podemos aceitar que profissionais adoeçam física e mentalmente para que o sistema capitalista acumule riquezas sem que não são distribuídas”, afirmou a secretária.

A ação sindical tem que levar em consideração que temos que lutar pelo mundo que nós queremos e que seja justo e solidário, com respeito à vida e com garantia de direitos; esse é um dos desafios que está posto para o movimento sindical.
- Madalena Margarida da Silva

Setembro Amarelo

A campanha “Setembro Amarelo”, foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) juntamente com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

O CVV é um serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e presta apoio emocional a todas as pessoas que desejam conversar, com total sigilo, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.

O atendimento é feito por telefone, através do número 188 (sem custos) ou pelo www.cvv.org.br via chat, e-mail ou carta.

Edição: Marize Muniz