Escrito por: Elara Leite
O presidente da CUT-PB, Tião Santos, participou de live com o vereador de João Pessoa, Marcos Henriques (PT-PB), dirigente estadual licenciado da central no Estado na quinta-feira última (11)
Presidente da CUT-PB fala sobre retorno às atividades em live com vereador
O presidente da CUT-PB, Tião Santos, participou de live com o vereador de João Pessoa, Marcos Henriques (PT-PB), dirigente estadual licenciado da central no Estado na quinta-feira última (11), no Instagram do parlamentar (@marcoshenriques_). Na ocasião, Tião falou sobre a retomada das atividades econômicas do Estado.
Ele lembrou que o Brasil já vinha enfrentando uma crise econômica e política antes mesmo da pandemia, o que foi agravado a partir da disseminação do vírus. “O ano de 2020 vai entrar para a história como um ano de grave crise econômica em virtude da aceleração da pandemia a nível mundial. Trazendo para o nosso país vemos que afeta bem mais, com agravante maior do que nos demais países, em virtude do desgoverno do presidente que não tem preocupação em relação ao combate à pandemia e às vidas”, criticou.
Em reunião realizada na segunda-feira última (8) com o governo do Estado, a CUT-PB apresentou algumas possibilidades para minimizar a contaminação de trabalhadores em uma eventual flexibilização do isolamento. Durante a reunião com o governo, a CUT-PB também reivindicou o retorno do diálogo com o comitê gestor da COVID-19 para mostrar a situação dos trabalhadores na pandemia. Tião explica que a central tem se preocupado com o retorno das atividades e o fluxo de pessoas que pode ser gerado nas ruas, propagando o vírus, inclusive com a reabertura dos shoppings criando a possibilidade de aglomerações.
“Se o comércio vai abrir, existe uma tendência de que as pessoas que trabalham na rua, nas praças e nas calçadas voltarem e haver um grande fluxo de pessoas nos centros comerciais. Nas medidas que foram apresentadas no plano do governo não vimos nenhuma medida que garanta a segurança e possa coibir a situação de exposição ao vírus que esse trabalhador informal está exposto. Nós não somos contra a abertura do comércio, mas precisaria de medidas de segurança e precaução ao trabalhador e à sociedade”, ressaltou.
Outra preocupação demonstrada por Tião é com a curva ascendente do vírus no Estado. A Paraíba tem tido mais de mil novos casos todos os dias há semanas, conforme boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual de Saúde. A média de isolamento social no Estado encontra-se em 43% atualmente, bem abaixo do ideal de 60%. Enquanto isso, cerca de 68% dos leitos de UTI dos hospitais do Estado encontram-se ocupados.
“Como o governo vai discutir a reabertura do comércio se estamos na ascensão da curva de contaminação no Estado? A cada dia estamos aumentando o número de pessoas mortas e contaminadas e que política o governo vai adotar para que se possa ter um decréscimo da curva? O governo da Paraíba mostrou sua resistência, adotou as medidas necessárias através dos órgãos sanitários, mas agora podemos dizer que está cedendo às pressões da classe empresarial. Esperávamos que o governo se pronunciasse em favor da flexibilização, mas com medidas que garantissem que a população não fosse contaminada. Isso tende a aumentar a demanda para o SUS. É o que está se desenhando”, explicou.
O vereador Marcos Henriques lembrou que boa parte do isolamento social foi garantido com o fechamento das escolas, serviços públicos e parte do comércio, mas que o esforço de boa parte da população em ficar em casa está sendo mínimo. Ele citou países como a Finlândia, que tiveram uma excelente gestão da crise da pandemia, como a Finlândia, que chegou a alcançar 80% do índice de isolamento.
Durante a live, o presidente da CUT-PB convidou os mandatos dos vereadores para dialogar a respeito do assunto e buscar soluções conjuntas para a flexibilização das atividades. “O que nós recebemos de proposta do governo foi depois do acordo com os empresários. A questão da vida humana para os empresários está em segundo plano, o importante para eles é a economia. Estão acostumados a ganhar dinheiro às custas da exploração dos trabalhadores. Eles querem o lucro pelo lucro, desconsiderando a saúde humana. O retorno da economia se dá com o trabalhador. Se ele adoecer, a economia fica estagnada”, observou.
Fora Bolsonaro
Para Tião, o trabalhador não aguenta mais o descaso do governo federal diante da crise sanitária, política e social que vive o país. Para ele, a sociedade precisa entender que o projeto que deve ser defendido é o da classe trabalhadora, que envolve toda a sociedade. “Nessa campanha que está sendo lançada do Fora Bolsonaro, esperamos que a sociedade se organize porque não aguentamos mais tanta atrocidade desse governo em plena pandemia. Vemos no noticiário que países menos desenvolvidos estão tomando medidas de isolamento social e conseguindo sair dessa pandemia pela ação de seus governos. Mesmo os países que defendem o Estado mínimo abraçaram a questão e entenderam que tinham que chegar para garantir o isolamento e a proteção dos trabalhadores e da sociedade”, pontuou.
“A economia do Estado e do país não começou a declinar agora com a pandemia. Não temos uma política social. Nosso país não passa só pela crise sanitária, mas pela crise política e econômica e não vemos a medida desse governo para resolver esses problemas sociais, políticos e econômicos, só manda a conta para o trabalhador. Já chega de tanta atrocidade. Precisamos nos unificar para pedir o Fora Bolsonaro. Em plena pandemia não deveríamos estar discutindo isso, mas vemos que o país está no buraco e precisamos nos manifestar, nos articular e ter o apoio dos trabalhadores e da sociedade”, disse.
A situação no país se agrava, de acordo com Tião, devido à incapacidade do presidente em lidar com a crise, tratando o vírus como uma criação da esquerda e criando justificativas para seu discurso negacionista e para o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
“O nosso desafio enquanto CUT e classe trabalhadora organizada é muito grande. Imagine se nós não tivéssemos o SUS? Começaram a ver a importância agora e investir. Temos o desafio de defender nosso patrimônio. Como um presidente é patriota e quer privatizar tudo? Esse discurso fajuto deixa a população à deriva em um barco que ele não sabe conduzir. Precisamos enquanto sindicatos ganhar essa narrativa. Queremos um governo que administre para todos, inclusive para os empresários que tanto massacram a gente”, convocou.
Ao encerrar a live, Tião relembrou que são as lutas das centrais sindicais que têm garantido algumas salvaguardas para o trabalhador nesse momento difícil, como a mudança do auxílio emergencial de R$ 200 para R$ 600.