Escrito por: Ascom CUT-PB
O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação da Paraíba (SINTEP) aponta que busca diálogo, sobre temas fundamentais para a educação do Estado
Profissionais da educação paralisaram as aulas virtuais nesta sexta-feira (04), após mais de 600 dias de tentativa para marcar uma audiência com o Governador João Azevedo (Cidadania). Apoiada pela Central Única dos Trabalhadores na Paraíba (CUT-PB), a categoria protesta contra a precariedade do sistema de Educação na Paraíba; em defesa do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração unificado da Educação (PCCR) e pela escolha democrática para gestão escolar, além de exigir recursos do FUNDEF.
Ainda no início do mês de agosto deste ano, o secretário de Estado da Educação, Cláudio Furtado, chegou a garantir que o governador apresentaria uma data para reunião com o SINTEP/PB, entidade que representa os trabalhadores e trabalhadoras da Educação Estadual, até a última segunda-feira (31). O prazo acenado não foi cumprido, assim como a promessa da gestão, o que motivou a categoria a retomar o estado de greve e paralisar as atividades.
O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação da Paraíba (SINTEP) aponta que busca diálogo, sobre temas fundamentais para a educação do Estado, com o governo desde o início do ano passado, mas não recebeu respostas até o momento. A diretoria da instituição representativa emitiu uma nota sobre o assunto, explicando à sociedade os motivos da paralisação.
“Infelizmente, o governador se nega ao diálogo democrático e despreza a fala dos trabalhadores e trabalhadoras em educação. Um governo que diz prezar pela educação não pode tratar com tamanho desrespeito os seus profissionais”, defende o texto. “Queremos maior compromisso e valorização da nossa categoria. A pandemia que vivemos atualmente chamou atenção da sociedade para a importância da escola e dos seus profissionais na vida da população. Educação não se resume a conteúdos, envolve convivência, atenção, cuidado, planejamento e intencionalidade”, continuava.
CUT-PB defende profissionais do setor
Para a vice-presidente da CUT-PB e dirigente do SINTEP/PB, Socorro Ramalho, a falta de diálogo representa o descaso da gestão com a educação e um desrespeito aos profissionais do setor. Ela defende que a paralisação é fundamental para pressionar o governo estadual para ouvir as demandas da categoria.
“O governo foi ágil em enviar e negociar com a base na Assembleia Legislativa [ALPB] a votação e aprovação da reforma da previdência estadual e deveria ser assim também com o Plano de Cargos e Carreiras dos profissionais da Educação; que é uma reivindicação muito antiga e que só está aguardando o envio para a Assembleia”, disse.
Segundo Socorro, a ausência de comunicação entre governo do Estado e sociedade tem atrapalhado não só os servidores da educação, como também de diversos outros movimentos organizados em luta por direitos. Ela ainda destaca outros pontos reivindicados e denuncia que valores democráticos importantes para a sociedade devem ser reestabelecidos, como o direito à escolha das respectivas direções escolares através do voto da comunidade escolar envolvida.
“É clara nossa indignação com a ausência de eleição direta para direção de escolas, a comunidade escolar deve escolher quem vai administrar a unidade, isso não pode ser cargo de indicação”, apontou. “Estamos nesse período de pandemia, desenvolvendo atividades remotas e iniciando discussão sobre volta às aulas; é importante destacar que não vamos voltar sem segurança total, não aceitamos que seja feito um protocolo de retomada das atividades presenciais sem participação de professores e professoras e estudantes, que são os mais interessados nisso”, denunciou.
CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA:
POR QUE A EDUCAÇÃO PÚBLICA DA PARAÍBA PARA NESTA SEXTA-FEIRA
Nós, trabalhadores e trabalhadoras em educação do estado da Paraíba, paralisamos nossas atividades nesta sexta-feira (4). Esta medida foi necessária para denunciar o descaso do governo de João Azevedo com a educação e com nossa categoria. Desde que assumiu o governo, há mais de 600 dias, João Azevedo não recebe a categoria para dialogar. Tentamos por diversas vezes agendar audiências com o governador, mas sem sucesso.
E o que queremos dialogar e cobrar do governador? Queremos maior compromisso e valorização da nossa categoria. A pandemia que vivemos atualmente chamou atenção da sociedade para a importância da escola e dos seus profissionais na vida da população. A educação não se resume a conteúdos, envolve convivência, atenção, cuidado, planejamento e intencionalidade
Professores e professoras estão se esforçando ao máximo para garantir atividades remotas aos estudantes, seja mediada por tecnologias digitais, ou por disponibilização de materiais impressos. Isso tudo feito por conta própria. Muitos professores(as) tiveram que comprar equipamentos tecnológicos para melhor servir os estudantes, adquirir melhores planos de internet e se aperfeiçoam para aprender a utilizar as tecnologias digitais. Nenhum equipamento que utilizamos foi disponibilizado pelo governo estadual. Agora, nos deparamos com um protocolo divulgado pela Secretaria de Educação sobre a volta às aulas presenciais sem segurança.
Não podemos e NÃO VAMOS aceitar.
Não há como oferecer educação de qualidade sem a valorização dos seus profissionais. Desde quando João Azevedo era secretário do governo estadual, ele promete encaminhar para a Assembleia Legislativa uma apreciação do documento revisado do nosso Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR). Uma comissão formada por trabalhadores e trabalhadoras em educação e por representantes da Secretaria de Educação, elaborou um documento de revisão que foi engavetado pelo governo estadual. Como atrair mais jovens para a profissão docente e como estimular cada vez mais a capacitação dos profissionais sem nenhum estímulo?
Ao invés disso, o governo pôs fim à democracia nas escolas, acabando com a escolha democrática das gestões escolares. De lá para cá, o que vemos são escolas sendo utilizadas para acomodar cabos eleitorais. O gestor escolar passou a ser a chibata da Secretaria de Educação, promovendo assédio moral nas escolas e tornando o ambiente insalubre para um bom trabalho pedagógico. Qual o medo que o governo tem em manter o processo de escolha democrática das gestões escolares?
Tentamos desde o início do governo de João Azevedo o caminho do diálogo, já que este se dizia um governo diferente. Infelizmente, o governador se nega ao diálogo democrático e despreza a fala dos trabalhadores e trabalhadoras em educação. Um governo que diz prezar pela educação não pode tratar com tamanho desrespeito seus profissionais.